segunda-feira, 2 de março de 2009

Esperar.. ou deixar partir...

Vivemos numa sociedade desenvolvida por milhares e milhares da anos de evolução social. As pessoas foram, ao longo dos anos, abolindo correntes que as prendiam a um modo de vida ditado à nascença transformando-se em seres autónomos com a teórica capacidade de poderem alcançar os seus sonhos. Todos nós, enquanto crianças, desenvolvemos uma ideia do mundo onde vivemos, criamos gostos e afinidades com algumas partes deste grande puzzle que se chama de sociedade, e todos juntos construímos o mundo onde vivemos.

Uns contribuem com música, outros com pintura, outros com o dom da palavra, e outros com poder... mas todos nós somos humanos, e todos nós temos sonhos e ideais próprios. No entanto a raça humana, após longos anos de evolução, continua a errar da mesma forma, isto porque no fundo, 3 ou 4 mil anos é demasiado pouco tempo para que algumas ideias enraizadas sejam "abolidas".

Como grande exemplo citarei uma frase de Platão: "Não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida."

Ora, se Platão, que viveu entre os séculos V e IV a.C. e é considerado um dos grandes pensadores da humanidade, nos alertou para esta eventualidade, porque será que muitas pessoas continuam a fazer o inverso??

É certo e sabido que todos nós ouvimos pelo menos uma vez na vida a frase: "eu bem te avisei", ou "devias ter pensado antes". Isto geralmente aplica-se quando nalgum momento da nossa vida cometemos um erro, do qual nos arrependemos. E a tendência de muitas pessoas é cometer o erro, para se aperceber dele. Ou seja, para muitas pessoas, a única forma de se aperceberem que erraram e por consequência sofrerem arrependimento é errarem. E eu pergunto:

Porque será que é necessário errar e sofrer para nos apercebermos que errámos?? Porque não pensamos com antecedência e guiamos a nossa vida de modo a não errarmos. Não estou a falar de uma pessoa que enfrente esse erro pela primeira vez, afinal, a infância e adolescência serve para isso mesmo. Enquanto crianças aprendemos que o fogo queima porque um dia pomos a mão no fogo e sentimos dor. Mas quando se trata de experiências não físicas, mas sim sentimentais, temos tendência a repetir os mesmos erros, e alguns nunca aprendem. Quando se trata de sentimentos, os seres humanos gostam de arriscar, de se testarem, de se iludirem e muitos não se importam de vir a sofrer no processo.

Acontece a todos nós, temos uma ideia e continuamos a persegui-la, errando e errando pelo processo, e só quando nos encontramos no fundo do poço é que nos apercebemos do erro que cometemos e desejamos voltar atrás àquele momento em que ainda poderíamos ter decidido evitar toda esta situação.

É claro que, para nos tornarmos adultos temos de enfrentar situações deste género.. ninguém se torna verdadeiramente homem ou mulher sem antes na vida ter tomado uma decisão que levou ao sofrimento. Mas há quem aprenda com os seus erros e com os erros dos outros, e há quem somente aprenda quando o sonho já foi destruído... Os primeiros arrependem-se, fazem acertos e seguem em paz a sua vida... Os segundos... arrependem-se para toda a vida...

No fim de contas, há que pensar no que é importante... e tentar não esperar pelo fundo do poço para lhe darmos essa importância... Pois geralmente, as coisas às quais damos menos valor, são as que mais tarde se vêm a revelar as mais importantes..

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