sexta-feira, 8 de maio de 2009

O tempo

Quantos de nós já não desejaram que algo na vida fosse diferente?
Quantos de nós não sonharam um dia encontrar uma máquina do tempo e viajar para o passado de modo a poder alterar ou nem que fosse simplesmente melhor compreender, uma situação que mais tarde veio influenciar negativamente a vida?

O grande problema é que o tempo é a única medida que não pode ser manipulada. O tempo é simplesmente irrefutável e incontestável. Não se apega a alegrias nem a tristezas. Não avança rapidamente uma dor ou sofrimento de modo a levar-nos directamente a fase em que essa tristeza desapareceu. Não congela um momento bonito. Não volta atrás de modo a reviver um encontro feliz e claro não regressa ao passado de forma a contornar ou evitar um erro. O tempo é injusto... pois nos momentos em que deveria custar a passar, passa depressa e nos momentos que deveria passar depressa, custa a passar.

E o pior de tudo é que nada podemos fazer para contornar esse inevitável destino que com a sua passagem nos leva da infância à velhice... E durante todo esse tempo, que no contexto do tempo em si é totalmente insignificante criamos laços, desenvolvemos sentimentos e revelamos a nossa personalidade única nesta mancha temporal a que chamamos viver... E durante todo esse tempo, o tempo é-nos insignificante pois é-nos demasiadamente complexo... principalmente porque para nós o tempo tem um fim trágico... a morte, o fim de nós mesmos e a incerteza que disso resulta. Não há forma de evitarmos o nosso fim... o nosso tempo está contado desde o dia em que o óvulo é fertilizado no útero da nossa mãe...

Talvez seja por isso que nos habituámos a contar o tempo que nos resta e não o tempo que já vivemos, e todas as nossas acções ao longo da vida venham a depender dessa circunstância social que desde o início compromete a nossa compreensão do que é viver. A questão é: será que vivemos para morrer? Ou vivemos para oferecer algo? Qual é o propósito da nossa vida?

Poderemos sempre dizer que seja nascer, crescer, reproduzir, ensinar, sobreviver e morrer... Mas então não somos diferentes de nenhuma outra criatura neste planeta e eu pergunto-me... se o nosso cérebro é tão poderoso, não deveríamos ver a vida como algo mais complexo do que simplesmente vive-la?

Sou completamente a favor de variar experiências, conhecer outras culturas e tradições, aprender várias artes... mas no meio disso tudo, no meio de tantas actividades sociais que nos rodeiam, onde está a parte em que acima de tudo aprendemos a conhecer-mo-nos a nós próprios... a lidar com nós mesmos. Pois há pessoas que são muito experientes a lidar com o meio que as rodeia, mas quando se trata delas mesmas não sabem como o fazer. E não sabem porque se habituaram a que sejam as outras pessoas a julga-las, a ensina-las e a educa-las... e é certo que cada pessoa tem um ponto de vista diferente, influenciado pela experiência individual, logo a razão de um, será o erro de outro. Ou seja, no fim de contas acabam por não ser indivíduos próprios, mas sim indivíduos sociais, criados em série com um conjunto de ideais que aceitam ou não conforme a sua experiência. O pensamento livre deveria ser um pensamento livre.. espontâneo baseado na interpretação e posterior reflexão do sujeito e não um pensamento criado em massa e disfarçado de conselho. Porque os conselhos são também eles sujeitos a interpretação e nem todos são bons conselhos.

Devemos ser livres sim, mas não nos deveremos "atirar de uma ponte" só porque está dito que é isso que deve ser feito. Se pensarmos e acharmos que o devemos fazer, então tudo bem, mas há sempre o outro lado da moeda...

No entanto começo a achar que as pessoas tendem a cada vez menos pensarem nas consequências das decisões.. aliás muitas delas acabam por preferir que sejam outros a decidirem a vida delas. São preguiçosas ao ponto de pensarem na própria vida e como a resolver e então seguem a maré social... No entanto essa maré pode leva-las ao porto ideal... ou simplesmente voltar a pô-las no meio do mar, para serem empurradas por outra maré...

Decisões importantes com influência na vida... pensadas, deliberadas e tomadas na hora. É preferível perder 2 horas a deliberar antes de tomar uma decisão (em vez de aceitar a opinião de um sujeito em cinco minutos) e obter uma resposta, do que passar anos em marés e não conhecer sequer a pergunta..

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